quinta-feira, 30 de setembro de 2010

(Parênteses literários II: Jean-Louis Comolli)


É preciso ressaltar: o filme, o cinema, a representação não estão fora do mundo, não estão diante do mundo, a olhá-lo de fora; eles próprios são pedaços do mundo, são o que do mundo torna-se olhar. Como não o perceber, aliás, já que uma parte cada vez maior de nossa relação com o mundo se dá por meio da circulação cada vez mais intensa de objetos audiovisuais cada vez mais fracos? Os audiovisus conduzem o mundo. Pior, eles o substituem, fabricam-no a seu modo. Daí, caro Gilles, caro Pierre, a importância de se fazer bons filmes. É o mundo que se enfeia ou se embeleza conforme o que se faz.

Jean-Louis Comolli. Carta de Marselha sobre a auto-mise en scène (carta a Pierre Baudry e Gilles Delavaud, 1994), in: Voir et Pouvoir. L’innocence perdue: cinéma, télévision, fiction, documentaire. Lagrasse: Verdier, 2004, p. 151 (minha tradução)

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