segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Queridinha do Vovô (Wee Willie Winkie, John Ford, Estados Unidos, 1937)


Aparentemente, a fase menos inspirada de Ford, apontada por Tag Gallagher, durou muito pouco, já que o diretor realizou 3 filmes magníficos em 1935 (“The Whole Town’s Talking”, “The Informer” e “Steamboat Round the Bend”), 2 menos bons em 1936 (“The Prisoner of Shark Island” e “Mary Stuart”; não assisti “The Plough and the Stars”) e, logo em seguida, rodou este filme maravilhoso. Dois anos depois Ford realizaria as obras-primas “Stagecoach” e “Young Mr. Lincoln”. Aqui em “Wee Willie Winkie” Victor McLaglen, após protagonizar 5 filmes de Ford em papéis mais sérios, encarna pela primeira vez num filme do diretor, salvo engano, a persona cômica de destaque de 4 filmes posteriores (a trilogia da cavalaria e “The Quiet Man”). O ator funciona muito bem com Shirley Temple e as melhores sequências são aquelas em que os dois contracenam. Temple encarna aqui a heroína fordiana inocente que age para trazer paz ao mundo e a uma família em particular. Mais uma vez em Ford, a felicidade pertence aos ingênuos, e o filme se contamina da visão meio naïf da protagonista infantil, chegando perigosamente perto de uma visão bastante imperialista, mas bonita em sua lógica interna. A sequência em que a personagem de Temple canta “Auld Lang Syne” para “ninar” o personagem de McLaglen em seu leito de morte é memorável e de uma melancolia arrebatadora.


Nenhum comentário:

Postar um comentário