terça-feira, 31 de agosto de 2010

John Ford e a comédia hollywoodiana






Dois mini-festivais que tenho programado atualmente têm me revelado coisas interessantes. O primeiro é uma grande retrospectiva do John Ford, que começa com “Straight Shooting” e “Bucking Broadway”, ambos de 1917, e vai até o seu último longa, “7 Women”, de 1965, totalizando mais de 60 filmes, entre longas, documentários de média metragem e episódios de séries televisivas. O segundo mini-festival reúne duas épocas bastante ricas do cinema de comédia estadunidense mainstream: uma começa no fim dos anos 70 com o pessoal vindo do Saturday Night Live e vai até o começo dos 90, reunindo nomes como John Landis, John Hughes, Ivan Reitman, Harold Ramis, Allan Arkush, Dan Aykroyd, John Belushi, Chevy Chase, Bill Murray, John Candy, Richard Pryor e Andy Kaufman; enquanto a outra, influenciada por essa geração anterior, começa no meio dos anos 90 e dura até hoje, com nomes como Jim Carrey, irmãos Farrelly, Ben Stiller, Wes Anderson, Owen Wilson, Will Ferrell, Adam McKay, Judd Apatow, Todd Phillips, Steve Carell, Jason Schwartzman, Seth Rogen e Jonah Hill, que ficaram conhecidos como geração Frat Pack / Apatow.

O que tem se revelado bastante interessante no processo de assistir alternadamente a filmes desses dois mini-festivais, relativos a universos a princípio tão distintos, é que, de forma surpreendente, diversos pontos de contato entre eles têm se evidenciado para mim. Ao contrário do que me parecia anteriormente, quando os únicos filmes do Ford que havia assistido eram “Stagecoach” e “The Man Who Shot Liberty Valance”, um dos pontos mais fortes do diretor é justamente a comédia. O tesão em fazer filmes “de galera”, em que parece que um bando de amigos se juntou para se divertir, está tanto em diversos filmes de Ford quanto nos das duas gerações da comédia estadunidense. Outra coisa: em geral, os filmes de comédia escrachada que melhor funcionam, principalmente os da geração Frat Pack / Apatow, são aqueles que melhor desenvolvem os personagens coadjuvantes (caso, por exemplo, de todos os filmes do Apatow, de “Anchorman: The Legend of Ron Burgundy”, dos primeiros filmes do Wes Anderson). Poucos faziam isso tão bem quanto John Ford em seus filmes mais tendentes à comédia, que tinham vários atores coadjuvantes recorrentes normalmente interpretando tipos também recorrentes que carregavam todo um universo, uma história de vida revelada em seus gestos, suas expressões (Stepin Fetchit, J. Farrell MacDonald, Francis Ford, Ward Bond, Harry Carey Jr., Victor McLaglen, Andy Devine, Jack Pennick). É claro que essas semelhanças existem guardadas as devidas proporções. Nos próximos posts tentarei falar mais detidamente de cada filme que tenho assistido.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Apresentação


Desde que adentrei o maravilhoso mundo do acervo borgiano de filmes que as ferramentas de trocas de arquivo pela internet criaram, me sinto um pouco perdido com tanta coisa para ver. Por isso, resolvi organizar o que chamo de meus mini-festivais temáticos para mim mesmo, numa tentativa de me organizar para assistir tanta coisa. Vou escrevendo aqui impressões imediatas sobre o que vejo, sem qualquer pretensão de fazer crítica cinematográfica.