terça-feira, 31 de maio de 2011

Um Crime por Dia (Gideon’s Day, John Ford, Inglaterra, 1958)

Outro filme mais “modesto” de Ford, também sem grandes estrelas, rodado fora dos Estados Unidos, com orçamento bem mais baixo que o de suas grandes produções. À primeira vista, para um olhar mais distraído, pode parecer um filme estranho ao diretor, por ser um policial, passado na Inglaterra, mas estão aqui algumas das obsessões de Ford, como o conflito entre dever e vida familiar, e o seu humor peculiar. Jack Hawkins interpreta um inspetor da Scotland Yard, retratado em um dia de sua vida. Cheio de crimes para investigar, o inspetor passa seu dia tentando conciliar, sem sucesso, seu dever policial com seus compromissos familiares. O filme tem uma estrutura episódica e uma atmosfera bastante melancólica, apesar da profusão de ótimos momentos cômicos, bem à maneira fordiana.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

My Breakfast with Blassie (Linda Lautrec, Johnny Legend & Mark Shepard, Estados Unidos, 1983)

Paródia do bom “My Dinner with André” (Louis Malle, 1981), este filme tem uma premissa bastante simples: reunir Andy Kaufman e o lutador de luta livre Fred Blassie em um café da manhã, para conversar besteira e hostilizar seus vizinhos de mesa. Os vizinhos são interpretados por atores, mas essa informação não nos é dada pelo filme, o que torna os conflitos de Kaufman e Blassie com os clientes um tanto surpreendentes. Destaque para o fã interpretado pelo parceiro de Kaufman, Bob Zmuda, que devolve a grosseria dos dois, tocando o terror na mesa deles. Enfim, o filme é meio que uma besteira, mas é bastante engraçado e vale pelo pouco registro que se tem da atuação de Kaufman, comediante tão importante para a história da comédia estadunidense.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma Tacada da Pesada (Deal of the Century, William Friedkin, Estados Unidos, 1983)

Mais um dos muitos filmes subestimados e pouquíssimo comentados de Friedkin. Chevy Chase interpreta um vendedor ilegal de armas que acaba se envolvendo meio que por acidente em uma negociação milionária entre uma fabricante estadunidense de armamentos e o governo ditatorial de um país latino-americano fictício. Também acabam se envolvendo nessa negociação os personagens de Sigourney Weaver e Gregory Hines. O filme estabelece várias relações meio óbvias, mas nem por isso desprovidas de graça, entre poder, arma e falo, como na sequência em que Weaver, com intuito de convencer o ditador a concluir o negócio, visita-o em seu quarto de hotel. Durante o sexo, a câmera enquadra uma tela de TV que exibe várias cenas de guerra, enquanto ouvimos os gemidos e a conversa dos dois. O ponto fraco do filme fica por conta do personagem demasiado estereotipado de Hines, um ex-militar que se envolve na venda ilegal de armas e posteriormente se converte ao cristianismo, tornando-se progressivamente um fanático religioso, a ponto de sequestrar um avião e ameaçar a realização de uma feira internacional de armamentos em protesto "pacifista", numa sequência meio impensável para a Hollywood pós-11 de setembro. O título em português, a propósito, é absolutamente incompreensível.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Asas de Águias (The Wings of Eagles, John Ford, Estados Unidos, 1957)

Biografia de Spig Wead, ex-oficial da marinha que se tornou roteirista depois de um acidente que o deixou paraplégico, este é um filme-irmão de “The Long Gray Line”, realizado dois anos antes. Há várias semelhanças entre os filmes, mas aqui a visão da vida militar é mais desencantada. Wead, interpretado por John Wayne, não consegue conciliar sua carreira com a vida familiar e é afastado da família por conta do dever. Em um determinado momento, ao voltar pra casa depois de muitos anos fora, suas filhas o recebem sem reconhecê-lo, ao que Wead contesta: “Vocês não leem jornal? Eu sou seu pai!” Wead tenta por várias vezes durante o filme, sem sucesso, se reconciliar com sua esposa, interpretada por Maureen O’Hara. Apesar do clima um tanto pesado e pessimista, o filme tem também belos momentos cômicos, principalmente na participação de Dan Dailey, cujo talento já havia chamado atenção em “When Willie Comes Marching Home” (1950) e “What Price Glory” (1952). Ward Bond faz uma bela ponta na pele de um diretor de cinema chamado John Dodge, com quem Wead vai trabalhar depois de seu acidente, uma clara referência ao próprio Ford. Em uma imitação bastante engraçada, Bond reproduz o visual excêntrico e alguns dos famosos tiques do diretor.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Férias Frustradas (National Lampoon’s Vacation, Harold Ramis, Estados Unidos, 1983)

Escrito por John Hughes (que mais tarde dirigiria clássicos como “Clube dos Cinco” / “The Breakfast Club”, 1985, e “Curtindo a Vida Adoidado” / “Ferris Bueller’s Day Off”, 1986) e dirigido por Harold Ramis, este filme não tinha como não ser a pérola que é. Chevy Chase está hilário no papel de um pai manezão que leva a família numa viagem de carro atravessando os Estados Unidos, de Chicago à Califórnia, para ir ao parque de diversões Walley World, uma clara referência à Disneylândia. O filme é um misto de comédia de erros e road movie, em que as férias perfeitas planejadas pelo pai viram um inferno por conta de várias situações esdrúxulas em que a família se mete. Ao ver seus planos de umas férias felizes em família irem pro saco, o personagem de Chevy Chase vai então progressivamente perdendo o controle e a noção, até que, no clímax do filme, ao ver que o parque estaria fechado por duas semanas para reforma, decide entrar à força, à mão armada. Além da bela atuação de Chase, o filme tem ainda a ótima participação de grandes atores cômicos: Imogene Coca, Randy Quaid, Brian Doyle-Murray, Eugene Levy, John Candy.