quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Henry Hathaway, John Ford, George Marshall & Richard Thorpe, Estados Unidos, 1962)

Estruturado em torno de 5 episódios a cargo de diversos diretores, este filme sofre daquilo que sofrem quase todos os filmes estruturados em episódios rodados por autores distintos: a irregularidade. Em se tratando de Ford, então, a competição fica totalmente desequilibrada. O segmento fordiano, intitulado “The Civil War”, chama a atenção especialmente pela concisão e a economia de recursos expressivos. É de longe o segmento mais tocante, mais intenso e, salvo engano, o mais breve. Ford conta em aproximadamente 25 minutos a história de uma família destruída por conta da Guerra de Secessão. Pai e filho se alistam no exército do norte e partem separadamente para a Batalha de Shiloh. Quando o filho retorna, encontra os túmulos de seu pai, morto na guerra, e de sua mãe, que não suportara a tristeza da perda do marido. Mais uma vez Ford estabelece o conflito entre o dever e a vida familiar, com consequências trágicas. Os outros segmentos até que não são tão destituídos de interesse assim, e o filme como um todo tem uma premissa bastante interessante: acompanhar três gerações de uma família na saga de exploração do oeste americano, num período de 50 anos. Os demais segmentos, porém, são compridos demais, apresentam uma mise-en-scène meio preguiçosa, com excesso de diálogos para dizer o óbvio e fazer andar o enredo, abuso de decupagem careta campo/contracampo, que absolutamente não combina com o formato Cinerama da tela (2,89:1). O segmento dirigido por George Marshall (“The Railroad”) talvez seja o segundo mais interessante, contando a história da construção das grandes linhas ferroviárias e os conflitos com os índios habitantes das terras invadidas. Mas nada que se compare à grandiosidade de Ford.