sexta-feira, 3 de julho de 2015

(Parênteses literários VI: José Régio)

(imagem daqui)
 
Demónios!, meus demónios familiares
Do cotidiano horror de andar vivendo
No sonho de transpor ares e mares,
Tendo o pé preso onde o conservo tendo!,
E vós, ó aberrações, monstros, esgares,
Que no meu próprio sangue espio ardendo,
Que me são, me serão vossas algemas,
Se Deus me abriu libertações supremas?

José Régio. Sarça Ardente, 17, in: As Encruzilhadas de Deus (1936). Lisboa: Portugália [1957?], 3ª ed., p. 202.

(via Manoel de Oliveira)