terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Mocidade de Lincoln (Young Mr. Lincoln, John Ford, Estados Unidos, 1939)



Rodado no mesmo ano de “Stagecoach”, este filme, que conta uma história fictícia de Abraham Lincoln como advogado de início de carreira, confirma 1939 como outro grande ano na carreira de Ford (como já havia sido 1935). O personagem Lincoln, interpretado por Henry Fonda, é pretexto aqui para o exercício de uma obsessão de Ford: o herói que tem como obrigação desfazer uma injustiça (dois irmãos acusados de um assassinato que não cometeram) e reunir uma família, partindo sozinho no final. O discurso de Lincoln ao tentar impedir o linchamento dos irmãos é sensacional: “Costumamos perder a cabeça nessas horas. Fazemos coisas em grupo que nos envergonharíamos de fazer sozinhos”. Me lembrou um filme que Fritz Lang fez poucos anos antes, “Fury” (1936).  O humor de Ford aqui está bem presente, quase descambando para o besteirol nas piadinhas de Lincoln no tribunal. Ao interrogar como testemunha J. Palmer Cass, personagem de Ward Bond, que ao fim se revela o grande vilão do filme, Lincoln pergunta qual é seu primeiro nome (John). Então, Lincoln pergunta se alguém já o chamou de Jack e questiona o por quê de ele não ser conhecido como John P. Cass, se ele tem algum problema com seu nome ou algo a esconder. Cass responde que o nome é dele e ele escolhe como ser chamado, ao que Lincoln retruca: “Se você não se importa, te chamarei de Jack Cass” (Jackass), ao que todo o tribunal cai na risada.

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