quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Maradona by Kusturica (Emir Kusturica, Espanha / França, 2008)


A sequência de abertura do filme é sintomática. Emir Kusturica com uma guitarra, num show de sua banda em Buenos Aires. Alguém diz ao microfone: "Senhoras e senhores, na guitarra, señor Diego Armando Maradona do mundo do cinema!” Durante todo o resto do documentário, irrita a clara preocupação de Kusturica em falar mais de si mesmo, dos seus filmes, de sua genialidade, do que de Maradona, que aqui parece apenas um pretexto. Chega a ser deprimente o esforço do cineasta em se equiparar à genialidade do jogador em campo. Em alguns momentos raros, em que o diretor dá espaço a Maradona para que ele faça o que melhor sabe fazer (encenar, atuar), o filme tem bastante força. Um exemplo é a sequência em que Maradona sobe ao palco de um bar para cantar “La Mano de Dios”: “Y todo el pueblo cantó / Maradó, Maradó / Nació la mano de Dios / Maradó, Maradó”. Infelizmente são pouquíssimos momentos em que isso acontece, e a sensação é a de que Maradona precisava de um cineasta que não se tivesse em tão alta conta para dirigir um filme digno do que o jogador representa não só para o futebol, como para a cultura mundial. Mal comparando, é interessante pensar em como um cineasta péssimo como Darren Aronofsky conseguiu fazer um filme maravilhoso como “O Lutador” (The Wrestler, 2008) ao entregá-lo todo a Mickey Rourke e se reduzir à sua insignificância. Outra coisa que chama atenção no filme de Kusturica é a inacreditável falta de espaço para o futebol de Maradona. Há apenas algumas breves inserções de “melhores momentos”, com alguns dos gols mais bonitos de sua carreira, e só.

Um comentário:

  1. Rafa, que massa o blog! e puxa, eu queria ver e agora ainda mais por conta da crítica ao Kusturica... que pena que tem pouco de Maradona no filme... um beijo grande, sodade!

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