sexta-feira, 3 de setembro de 2010

John Ford 1917-1935 - Alguns destaques (parte 2/2)


Continuando:

6) Carne (Flesh, Estados Unidos, 1932)

O talento cômico de Ford é bastante evidente aqui, ao fazer um filme hilário a partir de um tema trágico. Wallace Beery faz o papel do tolo ingênuo enganado pela mulher que ama. No espírito cristão do “Bem aventurados os pobres de espírito”, Ford costuma conceder a felicidade aos ingênuos, como é o caso aqui. Ainda que o final nos pareça bem triste, não é assim que o vê o personagem de Beery.

7) Doutor Bull (Doctor Bull, Estados Unidos, 1933)

Primeiro dos 3 filmes realizados em parceria com Will Rogers, que aqui encarna o herói inadaptado a uma sociedade hipócrita, dominada pela fofoca.

8) Peregrinação (Pilgrimage, Estados Unidos, 1933)

Este filme guarda várias semelhanças com “Four Sons”. Novamente, a guerra destrói uma família. Novamente, a protagonista é uma mãe. Ford faz aqui um trabalho impressionante, de construir uma protagonista bastante odiável, mas com quem não conseguimos deixar de ter certa empatia.

9) Juiz Priest (Judge Priest, Estados Unidos, 1934)

Will Rogers encarna aqui mais um herói fordiano cujo papel primordial é reunir uma família. Destaque para os papéis cômicos de Stepin Fetchit e Francis Ford, irmão do diretor e grande inspiração no início de sua carreira.
 

10) O Delator (The Informer, Estados Unidos, 1935)

O ano de 1935 foi especialmente feliz para Ford, que realizou 3 belíssimos filmes em sequência. Aqui a influência do expressionismo alemão se faz notar de forma particularmente forte. É um filme pesado visualmente, de atmosfera carregada. O catolicismo do diretor está presente no binômio culpa / arrependimento com o qual o personagem de Victor McLaglen atravessa o filme. A sequência do julgamento realizado pelos rebeldes irlandeses lembra um pouco o julgamento do personagem de Peter Lorre realizado pelos criminosos em “M, o Vampiro de Dusseldorf” (Fritz Lang, 1931).

11) O Homem que Nunca Pecou (The Whole Town's Talking, Estados Unidos, 1935)

Interessante exercício de Ford no gênero “o homem errado” imortalizado por Hitchcock. Edward G. Robinson está magnífico no papel duplo do funcionário exemplar falsamente acusado e do assassino com o qual a polícia o confunde. Da série “Tradutores Muito Loucos e seus Títulos do Barulho”, é engraçado notar a obsessão com a palavra “pecado” de muitos títulos traduzidos de filmes clássicos, como “O Pecado de Cluny Brown” (“Cluny Brown”, Ernst Lubitsch, 1946), “Só a Mulher Peca” (“Clash by Night”, Fritz Lang, 1952), “Adorável Pecadora” (“Let’s Make Love”, George Cukor, 1960) e “Quando Duas Mulheres Pecam” (“Persona”, Ingmar Bergman, 1966).
 

12) Nas Águas do Rio (Steamboat Round the Bend, Estados Unidos, 1935)

Último filme da feliz parceria com Will Rogers. Grande parte do elenco de “Judge Priest” é repetido aqui, com destaque novamente para os papéis cômicos de Stepin Fetchit e Francis Ford. Este último ganha papel mais relevante para a trama e com mais tempo de participação, coisa rara nos outros filmes de que participa, em que costuma ter aparição episódica, ainda que normalmente com grandes efeitos cômicos. Vemos aqui e nos outros dois filmes com Rogers os primórdios dos retratos de comunidades que serão desenvolvidos belissimamente por Ford em filmes posteriores como “How Green Was My Valley”, “They Were Expendable”, a trilogia da cavalaria e “The Quiet Man”.

Um comentário:

  1. JA tentei duas vezes posta comentário aqui vamo ve se funciona dessa vez!!!! Blzm finalmente!
    Fala diel! Aqui é o Cesar! Beleza mano?!
    Curti o blog desde a primeira publicação, vo acompanha aqui. Como tão as coisas meu velho, como tá a Emilia? =))
    Voltando ao Brasil a gente tem que combinar de encontrar quando vcs estiverem em BH!
    Muito boa a resenha de Ford eu assisti vários dessa primeira fase mas não sistematicamente. O delator realmente é foda e vc me deixou curioso de ver o Pilgrimage do qual eu nunca tinha ouvido ninguém falar muito. Dessa fase o “The World Moves On” parece ser foda, vc viu? The Hurricane tbm é bacana.
    Abraços meu velho e vô seguindo o blog.

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