terça-feira, 21 de setembro de 2010

JCVD (Mabrouk El Mechri, Bélgica / Luxemburgo / França, 2008)


Dando continuidade ao meu mini-festival temático sobre documentários-retratos a respeito de esportistas, abri um parêntese com este filme que não é um documentário, nem é sobre um esportista. Achei, no entanto, que este filme de ficção em que Jean-Claude Van Damme faz o papel de si próprio como um ator em fim de carreira voltando à Bélgica, sua terra natal onde ainda é idolatrado, poderia fazer um diálogo interessante com “Tyson”, uma vez que tanto Mike Tyson quanto Van Damme são dois grandes ícones da luta do fim dos anos 80 e começo dos 90, ainda que o primeiro o seja na vida real e o segundo no universo da ficção. De fato, o diálogo entre os dois filmes se revelou bastante interessante. Enquanto em “Tyson”, o boxeador se expõe numa parcialidade bem cara-de-pau no relato sobre sua vida e carreira, aqui Van Damme se expõe numa auto-zoação impressionante. No filme, o ator está em uma disputa judicial pela guarda de sua filha, que vive nos Estados Unidos e se recusa a ficar com o pai por não querer mais ser alvo de piadas entre os colegas. Sobra também para Steven Seagal, que rouba um papel de Van Damme por prometer cortar seu infame rabo-de-cavalo. Em uma sequência sensacional, Van Damme está em meio a um assalto a banco em que é confundido pela polícia como o responsável pelo roubo e é repentinamente suspenso do espaço-tempo da ação para conversar diretamente com a câmera sobre sua desilusão com Hollywood. O filme tem algumas fraquezas, como o desejo de parecer moderninho demais (alguns tiques “pulp-fictionescos” como a repetição de sequências sob diferentes ângulos e o vai-e-vem temporal são bastante injustificáveis e poderiam ser descartados; a fotografia de um verde-prata meio “Ensaio sobre a Cegueira” é bem feia), mas o resultado final é um bocado divertido.

Um comentário:

  1. Esse foi um filme que eu fiquei com pena. O diretor pareceu que não entendeu o que ele podia fazer com o material que tinha. Esse filme tinha que ser alguma coisa como o The Wrestler ou largar de tentar ser sério. Não sei mas a mistura pra mim não pareceu funcionar, principalmente o humor.
    Concordo que o depoimento do Van Damme foi fenomenal, daquales de corta coração. Mas acaba perdido no meio daquela zona....
    Ah a cena final onde eles fazem aquela piadinha também foi boa =)).
    Acho que o problema foi mesmo falta de coerência do diretor que atirou pra todo lado pra tentar fazer o filme ficar bom e acabou afundando a parada.
    Pena, podia ter sido o filme da vida do Van Damme....

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