quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Kobe Doin’ Work (Spike Lee, Estados Unidos, 2009)


Aparentemente inspirado em “Zidane, un Portrait du 21e Siècle”, que também focava em um esportista durante um jogo específico, este documentário sobre Kobe Bryant não tem a mesma força daquele. O modo de produção de cada um dos documentários tem grande repercussão sobre o resultado de cada um. Este aqui foi produzido para a TV. No entanto, é possível suspeitar que a personalidade de cada um dos retratados nos documentários também se reflita no produto final. Grande parte da força de “Zidane” vem de seu laconismo, com a inserção apenas em lettering de poucas falas de Zidane. Este “Kobe”, por sua vez, é verborrágico. Ouvimos o tempo inteiro a fala de Kobe, não só a fala diegética durante o jogo e intervalos, mas os comentários em off do jogador sobre o jogo, via de regra bem redundantes e pouco interessantes. Em determinado momento, essa verborragia é até ironizada. Em uma sequência de um intervalo de jogo, em que Kobe faz diversos comentários sobre a atuação de seus colegas de time, o jogador diz em off algo como: “É engraçado assistir à gravação, porque eu não sabia que falava tanto!” Há, no entanto, um ou outro bom momento nesses comentários de Kobe, quando, em uma sequência em que dá uma entrevista para a TV durante o intervalo, o jogador ironiza: “Esse momento e terrível. Acabamos de sair do jogo, todo suados, sem fôlego, e temos que fazer o maior esforço para dizer algo que faça minimamente sentido, para não parecermos completos idiotas”.

4 comentários:

  1. Que engracado. O Spike Lee é uma figura meio obscura mesmo. Ele tem uns filmes que estao na minha lista de melhores de todos os tempos (um deles por sinal sobre basquete o "He Got Game") e por outro lado tem outros filmes que ficam bem na media....
    Pena saber que esse nao seja grandes coisas.

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  2. Acho que o problema do Spike Lee é que ele produz demais, igual o Woody Allen. Pra não produzir umas merdas de vez em quando, tem que ser gênio, tipo o Godard ou o Ford, que tiveram uma produção bem intensa em alguns períodos da carreira. Mas não dá pra querer comparar, né?

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  3. Com o Ford num da pra querer comparar ninguem eu acho! =))
    No maximo aquele clubinho de Lang, HItchcock...quem mais, Hawks! (Eu particularmente ainda gosto muito do Wyler mas ele sempre foi polemico)
    Com uma producao tao longa e tanto trampo foda acho que nunca mais acontece, ate pela mudanca de estrutura que rolou.
    Alias vc venceu miseravel to aqui baixando um Ford velho de guerra.

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  4. Ford demais não faz mal a ninguém, muito pelo contrário :)

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