segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Domínio de Bárbaros (The Fugitive, John Ford & Emilio Fernández, Estados Unidos / México, 1947)

Rodado no México, este filme tem como pano de fundo um país latino-americano fictício, dominado por um regime ditatorial que aboliu a religião, executando todos os padres. Aparentemente o único padre remanescente, o personagem de Fonda é o típico personagem fordiano que se sacrifica em prol da realização de seu dever, aqui o de pregar a palavra divina à população de seu vilarejo. O filme é uma alegoria da história de Jesus: Fonda é, naturalmente, Jesus, andando em sua mula e se sacrificando pelo povo, Dolores del Rio, a prostituta santa, é Maria Madalena, J. Carrol Naish, em sua sede pela recompensa por entregar o padre à polícia, é Judas, e Ward Bond, o bom bandido, é o ladrão arrependido crucificado ao lado de Jesus. O cineasta mexicano Emilio Fernández, além de produtor, é tido como co-diretor do filme, apesar de não ser creditado. A sequência de execução do padre é magnífica: o personagem sobe as escadas do pátio da prisão em contraplongé, ascendendo simbolicamente ao céu, enquanto o tenente assiste escondido de sua sala, envolto em fortes sombras. Assim que o padre é morto, o tenente, árduo combatente da religião como superstição, faz o sinal da cruz.

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