terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Diário dos Mortos (Diary of the Dead, George A. Romero, Estados Unidos, 2007)


Interessante o diálogo que este filme estabelece com “Redacted”. Como ocorria com o soldado aspirante a cineasta daquele filme, aqui também o grupo de estudantes de cinema que faz o registro dos ataques de zumbis se depara com uma questão ética: como documentar o horror para além da curiosidade mórbida, do voyeurismo, em suma, sem se tornar conivente com ele? Irrita o quanto Jason, diretor do fracassado filme de terror de conclusão de curso que vira um documentário sobre os zumbis a partir dos ataques, insiste em não largar a câmera para não perder qualquer acontecimento, a ponto de colocar em risco a própria vida e, por fim, ser morto por um dos zumbis. No entanto, nossa relação com o personagem é ambígua, pois, ao mesmo tempo que antipatizamos com ele por conta dessa cabeça dura, sem ela não haveria filme. Outro diálogo que se estabelece entre os filmes de Romero e De Palma se refere às relações entre a grande mídia e a web 2.0 no trato com a informação e a verdade. Aqui a crítica aos noticiários das grandes corporações é mais explícita, limitados que são pelos compromissos empresariais. Apesar do discurso da namorada de Jason, responsável pelo corte final do material registrado pelo namorado, sobre blogs, videologs e redes sociais formarem um amontoado caótico de vozes, que mais encobrem que revelam a verdade, são esses meios de comunicação os responsáveis por retratar mais fielmente o que se passa com os ataques de zumbis.

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