terça-feira, 23 de novembro de 2010

À Prova de Morte (Death Proof, Quentin Tarantino, Estados Unidos, 2007)



Há algo mais redundante que falar bem de Tarantino? Alguns até tentaram falar mal na época de “Jackie Brown” (1997), que continua, na verdade, sendo um de seus mais belos filmes. Mas o fato é que não dá pra fugir do óbvio: Tarantino é, de fato, foda! Outra obviedade: o filme de Tarantino é bem superior ao seu filme-irmão “Planet Terror”, de Robert Rodriguez (juntos, os filmes compõem o filme duplo “Grindhouse”, como lançado nos Estados Unidos). Rodriguez tem claramente algum talento e até que tenta, mas é muito irregular (seu curta “Bedhead”, de 1991, e seu longa “Once Upon a Time in Mexico”, de 2003, são, de fato, muito bons; ainda não vi “Machete”, mas, pelas reações, deve ser outra pérola; por outro lado, “Desperado”, de 1995, e “Sin City”, de 2005, são bem ruins) e, na seara em que os dois trabalham, Tarantino é mesmo imbatível. É sensacional a forma como o diretor constrói no espectador um sentimento de ódio em relação a Stuntman Mike na primeira parte do filme, para depois se regozijar na fantástica vingança das meninas na segunda parte. A sequência final da batalha entre os dois carros é o ponto alto do filme, em um feeling girl-power semelhante a filmes anteriores do diretor, como “Jackie Brown” e “Kill Bill” (2003/2004). A presença de Zoe Bell, dublê de Uma Thurman em “Kill Bill”, interpretando a si mesma como dublê real e uma das mentoras da vingança contra o dublê fake Kurt Russell, revela um desejo surpreendente (para Tarantino) de prevalência do real sobre o artifício, corroborada pelo discurso do próprio Stuntman Mike na primeira parte do filme, lamentando o atual uso indiscriminado de computação gráfica nos filmes, saudoso de um tempo em que as cenas de ação eram feitas na tora, por dublês.

2 comentários:

  1. Também acho. MAs eu tenho que admitir que achei que o Death proof foi o filme de que mais se falou ma o que eu nao entendo porque se tem uma area em que o Tarantino regaca e quando ele entra ora esse lado de filme B, noir, exploitation, etc. Coisas bem ficcionais. Ali ele realmente é imbativel.
    Acho e estrutura do Death Proof revolucionario. O filme nao tem aquela logica de comeco meio e fim. É muito maluco porque ele comeca a historia do Kurt Russel e mal ela comeca, ele passa pra outro grupo e ja na segunda parte do filme ele mata o cara e o filme termina.
    PArece um roteiro de menino de treze anos, so com um dretor tao foda podia ter idado o filme foda que virou.
    Quanto ao planeta terror e ao Rodriguez eu curti, tem umas piadas muito toscas! Mas ele faz um filme B. O Tarantino sei la o que ele fez, apesar de que ficou muito foda.

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  2. O Planet Terror é bem divertido, o problema é a comparação inevitável entre os dois. Aí é covardia, né? O Rodriguez jamais terá cacife pra superar o Tarantino.

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